Ó jardim outrora fecundo, onde minha língua colhia
as pérolas translúcidas do teu gozo,
resta-me agora o vaso de alabastro ressequido,
flor abandonada ao vento da ausência.
Teus seios, outrora cálices cheios de licor ardente,
são lembrados como taças quebradas em banquete findo;
e meu falo, que outrora dançava no festim da tua vulva,
agora se ergue em solidão, banhado em orvalho lúbrico.
Eis-me, náufrago em leito deserto,
beijando o fantasma dos teus lábios púbicos,
invocando o perfume que se dissipou no ar —
como incenso profano num altar abandonado.