Antonio Luiz

A cortina dos dias

e se fôssemos apenas sombra

com olhos de ver cores noutra sombra,

multidão de sombras que se encosta

como cortina infinitamente doce

que abre o ato dos beijos em paz --

paz que sacia a alma ao correr na sombra

 

e se corrêssemos como os rios,

dissolvendo margens na corrente?

e se voássemos como voam os dias,

céleres, sem portos de saída ou chegada?

 

e se, no fundo, nem houvesse chegada,

mas apenas um sonho a se desdobrar?

e se, de repente, o sonho não findasse

e a gente jamais despertasse?

 

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 18/09/25 –