Fany Ferreira

CULPADA

Julgam-me agora no tribunal da melancolia:
fecho os olhos e escuto o veredito — culpada! culpada!
Sou a mais terrível das criminosas
se crime é sentir demais, amar demais, compor demais.

Vejo poesia no riso, na lágrima, até na morte.
Declaro-me: culpada.
Se a sentença for amar eternamente, trancai-me —
lá fora entrego tanto amor e pouco sou amada.

Fany Ferreira | Culpada