Lucas F.

Afogo-me em seco...

O quarto é um pulmão de vidro estourado,

paredes latejam num pulso isolado.

Eu respiro concreto, engulo o pesado,

afundo sem água num mar asfaltado.

 

O chão se torce, um tecido suspenso,

o ar tem sabor de metal denso.

Eu caminho num corredor imenso,

o eco devolve um grito sem senso.

 

E então, no limite, sem luz, sem barulho,

o teto desaba num manto de entulho.

Eu não grito,

afogo-me em seco...