SADE

Apocalipse Meu

Apocalipse Meu

A terra estremece, em silêncio,
onde os ventos não sopram mais,
só ecoam as sombras do que resta de nós.
O céu, já sem cor, parece não mais existir,
coberto por uma névoa densa,
onde os sonhos se afogam sem chance de sair.

Cada passo dado é um suspiro mudo,
uma busca por algo que já não sei mais,
uma vontade que, como o fim do mundo,
se perde na escuridão de quem sou,
uma busca por luz em um abismo
que me chama para nunca mais voltar.

O apocalipse não é fora,
ele está dentro de mim,
caminhando em passos pesados,
o peso de uma alma que se desfaz.
Vejo as chamas, mas não tenho forças
para me aproximar,
a luz parece distante,
como o sol que nunca mais voltará.

As trevas se tornam um manto,
um abraço frio que não me solta,
mas ainda, em algum lugar esquecido,
há uma chama, minúscula,
que hesita, frágil,
ainda tentando brilhar.

Talvez o fim não seja o que imagino,
mas a possibilidade de me levantar,
de aceitar a dor como parte de mim,
de buscar, mesmo que eu não saiba como,
a luz que resta,
no caos, no escuro,
no fim que ainda não chegou.