escrevi uma carta de laranjeira, em flor
abduzi a madrugada com letras matinais
destilei lágrimas em hora só de orvalhos
imprimi ali o meu pecado mais aromático
o papel suspirou impregnado de cítricos
a noite partiu cabisbaixa, sem um adeus
e o sol me observou apenas de esguelha
como a quem maculava o ar puro do dia
mas a missiva nunca partiu em correios
deixei-a maturando na boca dos ventos
e quiçá um sabiá, exilado em seu canto,
a decifre distraído em notas bem sutis
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 11/09/25 –