De que vale oferecer o mundo e as estrelas
Se não é de mim que desejas recebê-las?
De que serve proferir palavras belas ao amanhecer
Se não é da minha boca que anseias ouvi-las?
De que adianta eu afirmar que colori meus dias
Enquanto tu insistes que os teus permanecem cinzentos?
De que adianta admirar teu corpo nu como uma tela de Monet
Se não são meus olhos que desejas ter a te contemplar?
Mesmo que eu entregue todo o amor do universo,
Para ti, será sempre insuficiente,
Porque não sou eu,
E nunca serei.
E embora saibas todas essas verdades,
Persistes em me atormentar com tua presença,
Pois, no fundo, conheces outra grande verdade:
Que és tu quem eu realmente quero ao meu lado.
Isso te conforta, alimenta teu ego e satisfaz tuas vaidades.
Enquanto eu sobrevivo de migalhas,
Das sobras e dos “nadas” que guardas em ti,
À espera de serem transformadas em tudo,
E, sem muito esforço, serem concedidas a outro
Que não sou eu.