Mara

Infância Roubada parte 2

Treze anos um corpo pequeno, já carrega no ventre, um menino. 

No abrigo, paredes frias a cercar, um teto emprestado, difícil sonhar. 

Entre outras vozes que choram baixinho, aprendeu a ser mãe sem ter tido carinho 

 No espelho, pergunta: “Quem sou eu agora? 

Uma criança? Uma mãe? Uma vida que chora?” 

E o mundo responde com silêncio cruel, escrevendo sua história sem lápis, sem papel. 

Mesmo ferida, perdida e esquecida, há luz escondida  

Treze anos apenas, e já carrega o peso, um ventre marcado por dor e desprezo. 

Dentro de si, bate um pequeno coração que insiste em sorrir. 

O abrigo que acolhe, estende a mão, um amparo, uma nova direção. 

E no ventre, a semente de uma nova chance, um filho que inspira coragem e alcance. 

 No espelho, um rosto de menina cansada, 

O tempo lhe rouba o direito da esperança. 

Mesmo entre lágrimas, medo e ferida, descobre que dentro de si cresce uma vida. 

No abrigo, paredes de eco e de frio, um choro rasgou o silêncio vazio. 

Treze anos apenas, e o ventre se abriu, um bebê nasceu onde a dor construiu. 

 Não houve família, nem flores, nem festa, apenas a vida, que insiste e que resta. 

Uma menina-mãe, perdida no tempo, segura o milagre em meio ao tormento. 

 Entre grades do mundo, nasceu a esperança, nos braços da menina uma criança. 

 Nasceu no abrigo, sem laços, sem festa, apenas o choro  

Menina tão nova, mãe tão cedo, entre o colo e o medo, constrói seu enredo. 

O bebê trouxe cores ao cinza da sala, sua voz tão frágil o silêncio abala. 

E a menina sorri, mesmo  ferida, pois carrega nos braços a razão da sua vida. 

A infância se foi, mas no peito germina, um amor que desperta, mesmo menina. 

E ao olhar seu filho, tão frágil, tão seu, descobre que a vida recomeça no breu.