Suelen Azeredo

Espelhos da Alma

Dizem que os olhos são o espelho da alma,

por vezes acalmam, por vezes desarmam;
ora acolhem ternura em seu brilho profundo,
ora revelam segredos ocultos do mundo.

Alguns olhares sussurram, outros gritam,
há os que ferem, há os que incitam;
e certos olhos, em silêncio cortês,
guardam a dor que ninguém jamais lê.

A alegria e a tristeza são aves ligeiras,
passam depressa, não são inteiras;
mas deixam marcas, tal cicatriz,
no templo do corpo que sofre e diz.

A boca fala, sorri, disfarçando,
mas os olhos traem, jamais se enganando;
são rios profundos, de eterna verdade,
traduzem a essência, a real identidade.

Não precisas falar, teu olhar já me guia:
nele percebo a dor que um dia te feria;
o destino, severo, negou-te a clemência,
mas fez-te valente, guardião da existência.


Agora és força, és chama erguida,
em busca de paz, de amor, de vida;
um ser aguerrido que nunca se cansa,
erguendo nos olhos o lume da esperança.