Sinto pena, clamo clemência,
por quem confunde o dom da liderança
com o poder que exige obediência,
num trono erguido pela ignorância.
Sinto pena, clamo clemência,
por quem precisa impor presença,
com gritos, medo e violência,
num teatro de falsa potência.
Sinto pena, clamo clemência,
por quem se esconde na arrogância,
na capa fria da prepotência,
buscando glória sem substância.
Ignoram que sem o outro ao lado,
nosso caminho é mal traçado,
e a evolução, sem convivência,
é só ruído — sem eloquência.
Mas não, não peço clemência a ti,
que sabe ser firme sem ferir,
que guia com alma, não por vaidade,
e age com força e suavidade.
Que escuta atento, sem julgar,
sabe negar sem humilhar,
e faz do “sim” e do “não” sua arte,
com equilíbrio em cada parte.
És paradoxo em harmonia:
razão e coração, em sinfonia.
Não se anulam, se completam,
e em ti, juntos, se libertam.