Mais um dia depois de outro dia
Como cascatas
De águas que se repetem
E desaguam no mesmo lugar
Com a mesma essência
De pertencer
Nascer,morrer
Fazer do teu leito
Lar
Quando começa e quando termina
Este eterno regressar
Terás mais sorte do que eu
Almejas tornar-te mar?
Fico ali a imaginar
Quanta profundeza cabe
Em cada respingar
Gota a gota
Queda por queda
Só queria ser rio
Mas sinto-me tão vulgar
Sem nascente ou poente
Como irei me encontrar
Como piano submerso em tuas águas
Arriscaria tocar
Uma nota ou outra
Talvez uma valsa
Todas as canções e nada
Seria a beira da tua estrada
Cercada por água e mais água
Como o rio a namorar o mar
Corria rumo ao
Rotineiro desconhecido
Fazia-te meu destino
Transbordava oceano
E fazia da tua teia
O meu telhado de vidro
De ouro
De nuvem
De palavras
De engano
Fazia de mim a tua passagem
E de ti o meu ficar
Para um sempre breve
Respirar
Sem data para extinguir.