Hoje foi o teu último dia
Sem aviso,
sem preparo,
sem despedida.
Só barulho calado,
elefante alado
a levar em suas asas
todo o peso que carregaste
neste mundo.
As lembranças começam a nascer:
tantos anos acumulados,
um espaço vazio enorme.
O papel de filha,
o papel de tia,
o papel de avó,
o papel de irmã,
o papel do papel…
quando tudo virou fel,
mas a gratidão ainda é maior.
Eu ainda estou aqui.
E tu, onde estás?
Estarás no céu
ou nas profundezas do mar?
Viverás de orações,
velhas cantigas,
ar…
Estarás aqui, em algum lugar,
a andar,
correr,
levitar.
Fico à espera de um aceno,
de respostas.
Mas não há retorno —
apenas eco
do silêncio que teima