Mara

Infância Roubada part 1

Tinha dez anos, tão cedo cresceu 

Mãe e pai enredados no vício sem fim 

Infância perdida na sombra da rua 

A vida trocada por fumaça e tortura 

Nos olhos pequenos, o mundo escureceu 

E o riso que um dia brilhou em seu rosto 

virou cicatriz e choro exposto 

 Mas dentro do peito guardava esperança 

sonhava ser livre, ter proteção, um lar onde a 

 dor não tivesse lugar, um colo que fosse apenas abraçar 

 E mesmo que o mundo tentasse apagar 

sua força escondida insiste em brilhar 

Mesmo ferida, pequena e sozinha 

menina de dez, ainda és filha 

Não conheceu jogos, nem risos, nem nada 

Mãe refém do veneno da pedra 

Trocava a filha por dinheiro que cega 

A cada moeda que a noite trazia 

A infância queimada em brasa e fumaça 

A mãe se afundava, a filha morria 

Brinquedo quebrado em mãos tão cruéis 

um coração puro virando carcaça 

 Sou carne, sou vida, sou flor esmagada 

Dentro de mim há uma alma cansada