Escritas Narradas

A viagem em A Viagem…

São Paulo, Brasil, 05 de setembro de 2025. Instagram: @escritasenarrativas

Artista Professor Daniel Rodrigues Hernandez. Escritas e Narrativas.

Crônica do dia sobre novela (da realidade à dramaturgia)

Blog: https://escritasenarrativas.blogspot.com/

 

Com a morte de Otávio (Antônio Fagundes) em A Viagem e a tristeza desconsolada de Diná (Christiane Torloni) vemos o retrato de como podemos fazer a nossa “viagem”, a nossa passagem e a nossa travessia na perspectiva do espiritismo como preconizado pela novela. Ao passo que Alexandre (Guilherme Fontes) não encontra paz após o seu assassinato, Otávio vai à nossa casa, ao Nosso Lar (como no filme de 2010 e O Nosso Lar 2: os Mensageiros, de 2024) e encontra campos floridos que talvez remetam ao livro de Gênesis, primeiro livro da Bíblia.

 

Como única certeza da vida na inexorabilidade do nosso destino de partir, Otávio preparou todo esse caminho como no filme PS. Eu te Amo (2007) em que, mesmo depois da travessia em outro destino, os próximos passos com Diná seriam como o casal Gerry (Gerard Butler) e Holly (Hilary Swank) com ele fazendo sua viagem mas com todo o acompanhamento no luto de sua companheira que, de fato, pelo força do amor entre os dois, superar é muito difícil.

 

E nunca será fácil suportar a dor de um luto. Como Gilberto Gil, que é o pai de Preta Gil, que nos deixou agora em agosto, nos remete a Chico Buarque que nos diz que “a saudade é o revés de um parto. A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”, de uma maneira poética não com a tristeza do luto em absoluto, mas com a alegria da saudade e da lembrança dos bons momentos vividos.

 

Viajar sem um destino certo nos leva a perpassar o indubitável nos coloca no universo da novela A Viagem que, dentro do campo do espiritismo, nos leva ao encontro de Alan Kardec, de Chico Xavier e de Divaldo (alguns dos mais importantes expoentes da doutrina espírita). Remetendo ao universo de um campo imaterial em que o amor de Otávio e Diná, como conhecemos na novela, transcende a vida material e nos leva ao encontro das almas. Talvez, como nos diz, Fernando Anitelli, “pra dilatarmos a alma temos que nos desfazer. Pra nos tornarmos imortais a gente tem que aprender a morrer. Com tudo aquilo que fomos e tudo aquilo que somos nós.” Que a nossa travessia seja como o (re)encontro de Otávio e Diná que sabemos que vai acontecer. E que na nossa vida e pós-vida acontecerá!