Observei uma flor
por muito tempo com amor.
Clamei por seu calor,
mas recebi pouco mais
além de dor.
Embora eu fosse o cravo,
os espinhos de minha rosa
eram mais bravos,
machucavam sem temor.
E meu sangue?
Meu sangue por seus espinhos escorria,
escorria lento,
escorria viscoso,
escorria quente,
escorria rubroso.
Pingava no chão,
derretendo junto com a paixão,
quase como sorvete no verão.
Os acordes do meu coração
já não tocam com emoção,
esquecidos como guitarra na escuridão,
trocada por um mero violão.
Deixada de lado, sem razão,
como segunda opção,
afogando-se na ilusão
de que merecia atenção.