Ecos da Pele
Evelyn Alencar
Minha pele tem feridas
Onde chora a agressão;
As dores que aqui latejam
Não latejam sem razão.
Nossa cor tem mais tristeza,
Nossas mortes, mais abusos;
Nossos traumas, mais racismo,
Nossas vidas, mais intrusos.
Em pensar juntinhas à noite,
Mais machismo encontro no lar;
Minha cor tem grande dor,
Que não cessa de pesar.
Minha pele é minha beleza,
Que às vezes não sei enxergar;
Ao ficar sozinha à noite,
Só me resta chorar;
Minha cor é minha cura,
Mesmo quando vem a dor me tocar.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que a ferida venha fechar;
Sem que eu chore sem motivos,
Sem que eu possa respirar;
Sem que eu ainda avise à minha cor
Que ela não precisa se culpar.