Evelyn Alencar

Ecos da pele (Paródia de \"Canção do exílio\" Gonçalves Dias.)

Ecos da Pele

Evelyn Alencar

 

Minha pele tem feridas

Onde chora a agressão;

As dores que aqui latejam

Não latejam sem razão.

 

Nossa cor tem mais tristeza,

Nossas mortes, mais abusos;

Nossos traumas, mais racismo,

Nossas vidas, mais intrusos.

 

Em pensar juntinhas à noite,

Mais machismo encontro no lar;

Minha cor tem grande dor,

Que não cessa de pesar.

 

Minha pele é minha beleza,

Que às vezes não sei enxergar;

Ao ficar sozinha à noite,

Só me resta chorar;

Minha cor é minha cura,

Mesmo quando vem a dor me tocar.

 

Não permita Deus que eu morra,

Sem que a ferida venha fechar;

Sem que eu chore sem motivos,

Sem que eu possa respirar;

Sem que eu ainda avise à minha cor

Que ela não precisa se culpar.