Marçal de Oliveira Huoya

Comum

Hoje
Não tenho
Inspiração para nada
Nem para bruxas
Nem para fadas
Amanheci
Seco como um deserto
Com a umidade de uma caverna
Se penso existo
Se isto, flerto
Breu, Breu, Breu
Eu, eu, eu
Refém e recompensa
Com a inocência dos culpados
Como cheguei aqui?
Escravo destes elos
Tão apertados
Vejo uma bússola enlouquecida
Onde nada é norte
Onde tudo pode ser
Pra onde ir?
Sem passes
Ou salvo condutos
Só o preço da passagem
O vício dos vultos
Algo qualquer que me leve
Me jogue, me empurre
Porque não vou a lugar nenhum
Sou eu sempre
No mesmo lugar
E em lugar algum
Sem nenhuma originalidade
A mesma dança
O mesmo canto
Solenidades
Poemas que tecem armadilhas
Cativo da criação
Em planos de fuga
Sempre da mesma ilha
Para outra sensação...