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Wallace

Do outro lado do muro

Explorados, humilhados, maltratados,
Estuprados, banalizados, bestializados,
Roubados, violentados, deixados ao acaso.
De ricos passamos para pobres , tratados com desdém.

Enquanto eles se fartavam com nosso ouro,
Nossos ancestrais iam morrendo aos poucos.
Cheios de desgosto e ódio dos europeus,
Rogando ao deus Sol para castigar aqueles que o corrompeu.

E assim os séculos se passaram..
Século XXI chegou

Construíram um muro para separar o oprimido do opressor.
Do outro lado famílias riem, aqui mães choram,
Sabendo que o amanhã é incerto
E o sonho de um bom futuro ainda não está por perto.

Olhando para o muro um menino se apavora,
Admirado com sua grandeza e esperando chegar a hora.
Hora em que irá crescer, ficar tão grande para pular o muro,
Mas sua mãe acha isso um absurdo.

Pobre coitada! Não tem culpa de pensar assim,
Da última vez eles mataram o Francisco, Getúlio e o Benjamin!
Para eles somos todos latinos,
Não se importam com o que sentimos.

Na calada da noite a mãe chora
\"O que será de mim , meu senhor ?\" - Ela roga.
Sonha com um futuro brilhante para seu filho,
Mas sonhar é em vão.
A realidade não deixa.

Olha para a cozinha e a farinha se esvaindo,
Olha para a carteira e o dinheiro não é suficiente,
O filho vive de favor da \"gente\".

A fome chega e os dias passam.
Vai dormir e sonha com tempos de glória,
Bebida, comida e muitas jóias,
Mas acorda desapontada, é tudo imaginação.

A crise é grave, o dinheiro não chega.
Pega o filho e decide pular a \"cerca\",
Sobe as escadas junto com o menino,
E conseguem descer naquele \"país lindo\"

Finalmente teria uma vida digna - pensou,
Mas a realidade logo a cumprimentou,
Um tiro de 762 sua cabeça espatifou,
Seu filho resistiu e com Deus também se encontrou

E de uma distância considerável um homem diz:
- Thanks God!
E sai feliz
Afinal , são só ... Latinos