Vivemos uma falsa certeza
De dias sem medida
mas é o desconhecido
que nos governa.
No meio de tanta gente
Somos só mais um corpo presente
Em meio a tanta colheita
De tão pouca semente
Passivos ou pacíficos,
agitados ou covardes,
seguimos sempre ao norte,
em busca de meras metades.
O caminho traçado é o mesmo
mudam-se os trilhos,
trocam-se os cenários.
O nosso destino
é apenas sorte.
Enquanto o rio escolhe a sua jornada,
o homem caminha para a morte.
Anjos de asas quebradas,
vivemos entre o tudo e o nada,
entre o luto e a esperança,
entre a riqueza e a humanidade.
Basta um grão de areia
cair no lugar errado
e tudo muda:
o que era certo se esvai,
perdemos o que nunca foi nosso,
e despedimo-nos deste mundo
num adeus sem volta,
como quem solta as mãos do tempo.