Raquel Ordones

Quando eu morrer

E não quero que diga: Ela era tão boa!

Porque soa uma intriga em mim; me fale em vida,

Divida-se já, e mostre-me a sua pessoa,

E povoa-me em afeto, antes da minha ida.

 

Isenta-me da sua lágrima e de vela,

E balela de velatório eu não quero,

Espero que não haja flor nem na lapela.

Pois ela é formosura no pé, doce esmero.

 

Então, quando eu morrer; arquive-me na su’ alma,

Acalma-se em brisas e sem bajulação.

E ponha o coração em módulo de canção.

 

Não espere por parentes, nenhuma vivalma,

E palmas para quem me ‘amou’ ainda que oculto,

Quero tumulto: chuva e poesia em culto.

 

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie