Escrevo com pressa,
antes que a faísca evapore,
como quem tenta capturar o vento
num frasco de vidro e memória.
Há um céu dentro de mim,
feito de palavras que querem voar.
Sou pássaro e poeta —
tenho pressa, mas não medo.
Cada verso é um salto no escuro,
um risco de luz na pele da noite.
Escrevo para lembrar que existo,
para tocar o intocável com a ponta dos dedos.
O tempo me observa em silêncio,
mas não me espera.
Então eu corro —
não para fugir,
mas para alcançar o que ainda não sei nomear.
Há tempestades que me habitam,
mas também há calmarias.
Sou feita de paradoxos:
leve como brisa,
intensa como maré.
E se um dia minhas palavras se perderem,
que ao menos ecoem no infinito
como quem sussurra ao universo:
“eu fui, eu senti, eu escrevi.”