Celia Regina de Lima

Concepção

 

Amor ardente,

sutil razão de viver.

O fogo me banha o ventre,

linda forma de morrer.

 

No linho dos lençóis

desatino

longa língua desliza envolvente

em meu corpo semente

dobra as esquinas

traquinas

e sorve a seiva candente.

 

No leito

o leite

alvo líquido potente

se espalha pelas frestas

do meu ninho

e ali me alinho com o universo

frente e verso.

 

Estrelas me escalam

ondas me embalam

no árduo processo

de me gerar novamente.