A dor que eu carregava era insuportável,
rasgava-me a alma, delirava meus dias,
dilacerava minha existência,
deixava-me sem ar.
Sufocada em minhas próprias lágrimas,
súplicava em silêncio:
“leva-me, se for capaz.”
Sem coragem de partir,
com medo do inexistente,
decidi ficar.
Pensei em viver,
ainda que temesse
o próprio medo de morrer.
Angústia,
remédios na mesa,
talvez não fossem demais.
Mas tudo o que eu queria
era que a dor sumisse,
explodisse,
se transformasse em alegria,
essa que ainda não sei reconhecer.
E, mesmo assim,
eu escolhi viver.
Porque um dia,
hei de ser feliz,
borboleta amarela
a voar por aí.