Ele a amava — disso ninguém duvidava.
Estava sempre por perto, flores nas mãos,
mensagens longas, promessas sob a lua.
Mas por dentro, era inverno.
Um frio antigo, de coisas nunca ditas,
de mágoas do pai,
de gritos da infância,
de silêncios mal costurados.
Ela sentia os ventos gelados nos abraços,
mas não dizia nada.
Amava também —
como quem espera a primavera em silêncio.
Um dia, ela foi embora.
Sem cartas. Sem drama.
Apenas levou consigo
a certeza de que amor não aquece quem carrega neve por dentro.
Foi então que ele olhou para dentro.
Encontrou a janela que nunca abrira.
E pela primeira vez, deixou a luz entrar.