> Escrever já foi uma arte
> Um amor
> E até uma dor
>
> Mas hoje é se esvaziar de uma parte,
> De um pouco da dor
> Mesmo sem querer
>
> É despir a pele
> Arrancar a máscara
> Doa a quem doer
>
> Pois não há contrato que cele
> Essa abonação carrasca
> De se tentar viver
>
> Cada risco
> Uma letra, e cada letra
> Uma palavra, e cada palavra
> Uma sentença
>
> No papel, o rabisco
> Na carne, o significado penetra
> E a alma antes deslavra
> Agora esbanja sua cicatriz apensa
>
> O que será deste coração
> Que só queria gritar
> Mas sem voz, no meio do turbilhão
> As emoções ecoam e o fazem falhar
>
> Tudo que sobra é este rascunho
> Caneta em punho
> Lágrimas a rolar
> Carne a sangrar
> Uma voz que não quer calar…