Rejeito a mim a minha carne
Do meu nome já não desfruto mais
Galopo com destino a uma lápide conjecturada
Quem optaria por tal futuro lastimado?
De que me vale sentir o corte dos ventos em minha fria pele
Se obsidio por um cadáver que a mim não pertence?
Aquele que antes conhecia já não se encontra mais neste
Sequer sei o que encontro agora, se é que um dia já encontrei algo
Dizem que jamais ouvirei o cantarolar dos anjos
Tantas almas podres um dia serão lavadas por bençãos douradas
Pois prefiro que o fogo me faça arder como quem sou
Do que viver os luxos dos deuses ao encenar o papel de meu destino
Charles Varotto Arruda