Francisco Monteiro

Andarilho

Um canto fugitivo, dizem os sábios, é o eco
das conversas perdidas na boêmia,
o simples murmurar de uma criança que esqueceu a inocência,
ao ver um pássaro voar.

Onde mora a sabedoria?
É possível tê-la sem se queimar nas chamas da solidão
ou no eco da falsidade?
Como se as histórias não refletissem as nossas horas em branco,
enquanto o novo dia acorda.

Para onde vai a estrada, ninguém sabe,
só se sabe que é preciso continuar caminhando,
para chegar ao lugar que é seu.
Ou a um refúgio, nas sombras de uma árvore plantada
com os sonhos e lembranças de um antigo mundo,
onde as coisas eram mais fáceis,
onde não havia perguntas, e tão pouco respostas,
somente o silêncio em sua harmoniosa doutrina.

Será então que este é o fim,
sem respostas e sem sentido?
Ou apenas esqueci de viver, enquanto pensava?

 

Francisco Monteiro