Paredes pichadas, becos estreitos,
Casas amontoadas, campos de barro,
Florestas ao redor, crianças descalças
Empinando pipas — lá ninguém usa paletó.
Vielas estreitas, vias cruzadas,
Comunidade, rapaziada,
Famílias de bem —
Mas se a nobreza retrata,
A tela exibe a pobreza.
Precisa:
De quem olha?
De quem cuide?
De quem o recrie?
Oh! Brasil, tu que és nobre e sutil,
Mostras tuas calçadas, tuas ilhas,
Esnobes teus prédios altos, teus pomares,
Tuas praças requisitadas, teus faróis,
Teus arquipélagos e monumentos importantes.
Ah! Brasil, tu que escondes essa face,
Aos teus olhos, não tão importante —
Isso é repugnante.
Fala, oh Brasil, das estradas de lama,
Dos rios impactados, das palafitas em meio aos lagos,
Daqueles que gritam:
\"Quero dignidade! Sou cidadão!\"
Ainda que com os pés descalços,
Carrego-te no coração.