remorso inalditível e omitido
saudade entrelaçada na alma
cadeado da corrente que cumprimi
cada
batida
débil e enferma
do coração sangrento e roxo.
falta que fecha os pulmões e a garganta
submerge os órgãos com sangue e morte
entorpece a mente com a dor
engana os olhos com falsas miragens
imaginação fértil e viril
manhosa e venenosa
desapiedosa e
maldita.
afogada no passado eu delato meu futuro
como condenação vitalícia
de não ter te valorizado enquanto tive
e claro
pelo ódio que sinto
da segunda pessoa
que já beijou em toda a sua vida
a sua boca.
Se mesmo você cultuou
tanto como disse
a fusão imaterial pela primeira
que já beijou em toda a sua vida
a sua boca,
por que você levaria a segunda pra sua cama?
por que faria isso comigo, querido?
cada linha desse poema é lido e escrito
com 1000 inspirações abafadiças
e 1000 expirações à vácuo
o ar escapa dos pulmões com pressa
por conta da pressão
de não haver lugar para elas ali
a não ser a dor.
a pressão de não suportar a vida
enquanto a mente é saudosa e doente.
sobretudo
saudosa à sua doença.
dor ao respirar, dor ao lembrar
dor ao viver sem esquecer.
ao ainda conviver,
sem se ter,
sem se ver,
e se percebendo;
sem se tocar,
e se rasgando;
sentindo falta,
e repudiando;
amando,
e nos culminando
com toda carniça
que uma traição oculta pode ser.
Torcendo o tronco da alma
com o que pode não ser.
Quebrando sozinha meus ossos
com o que você se convence sozinho
do que nunca ser.
comendo tudo o que não disse;
te amando infinitamente
amargamente.
sendo sugada pra dentro de mim
eternamente.
eu te amo eternamente.