Ludmilla Fernandes

Desabafo

Não sei explicar
Só sinto um peso que não tem forma,
Mas tem tamanho: 
Imenso.

Um tipo de vazio que não é silêncio,
É um barulho gritando dentro do peito.

Não é dor e nem paz.
Não é nada e tudo ao mesmo tempo.

Durmo cansada,
Acordo cansada,
Respiro cansada.

As pessoas perguntam:
- “tá tudo bem?”
E eu sempre digo que sim
Porque é isso que se responde.

Mas por dentro...
Não tá nada bem.

Dentro é um lugar escuro,
Onde até Deus parece distante.
Minhas mãos o procuram,
Mas tocam apenas vazios e ecos
Onde a fé é poeira,
Onde o futuro é uma tela sem cor.

Às vezes penso:
Pra que tanto fingimento?
Por que sorrir,
Se não tenho motivos?

Mas sorrio.
Sempre sorrio.
Porque é mais fácil mentir do que explicar.
Geralmente ninguém quer realmente ouvir.

E no fim,
Acho que é isso que sou agora:
Humana demais num corpo frágil,
quebrado, cansado.

E ainda assim
Insisto em respirar,
Mesmo sem saber
Se respiro por mim
Ou para que os outros
Pensem que estou bem.