Às vezes, procuramos a cura
nos olhos de outrem,
nas mãos estendidas,
no calor de uma alma que se encontra.
Há dias de sorte —
quando o toque nos sara,
quando a dor se dissolve
na partilha do existir.
Mas, em outras vezes,
a cura se disfarça em veneno,
invade o peito em silêncio
e corrói sem aviso.
O antídoto é a liberdade:
cuspir o veneno,
romper correntes,
seguir em busca do que é verdadeiro.
A cura pode morar em nós,
nas pequenas coisas
que o coração distraído não vê.
E mesmo na dor mais funda,
quem deixa de buscar
é quem, de fato, deixa de viver.