Sonhei com um amor que nunca veio.
Um vulto.
Uma respiração encostada na minha pele
mas feita só de ar.
Alimentei essa ausência
como quem oferece pão a um espelho
ele nunca come,
mas ainda assim eu insisto.
Há uma beleza cruel nisso
amar o que não existe
é abraçar um fantasma
e sentir o frio como se fosse calor.
Às vezes penso que inventei demais.
Outras,
que a vida me roubou algo
que jamais chegou a ter forma.
E mesmo assim…
quando fecho os olhos,
sinto uma mão que não existe
segurar a minha,
como se o nada
pudesse me amar de volta.