Hébron

Lucidez

 

Desafia-me a própria lucidez

Além do contraste das minhas sombras!

Apego-me ao tempo e ele de mim foge

Incompreendido, incompreensível...

Estendo a mão à altura e ela me desouve

E me escarnece inatingível...

O horizonte ao longe se mantém distante

Inalcançável por qualquer caminho

Ignora esguias estradas e o destino

Mas reverencia o meu olhar fixo ao longe...

Resta-me o chão que me abraça os passos

Em desapego, acolhe as minhas raízes

Chão firme, terra preta ou de outras matizes

Ajuda a me encontrar através dos meus rastros

Encoraja-me asas, sem receio de me perder

Sustenta as vias do ir e do voltar...

Sem a humildade do chão não iria saber

Que toda senda começa com o valor

E a proximidade do primeiro passo

Mesmo o caminho que nos eleva ao espaço

Ao desconhecido ou que nos revela o amor

Amor, esse recanto onde guardo o afeto

Vejo uma luz que não vai se apagar

Iluminando o percurso por onde vou

E vejo as sombras dizendo quem eu sou

Não permitindo me perder no trajeto:

Eis a própria lucidez a me desafiar

E ao mesmo instante me guiar!