Carlos Daniel Dojja

NADA ME FOI DADO

NADA ME FOI DADO

Nada me foi dado, ao escavar a sina,

Tão pouco o respirar da palavra,

Com a qual pulso fazer-me,

 

Verti em mim, o que invisível a outrem,

Ligou-me a instintiva volúpia do querer ser,

E para existir, esculpi faces, lavrei estradas.

Só me sei a degustar os assombros,

Que revestem a sombra margeada,

Da qual como planta, faço-me restauro. 

Infiltro-me caule na terra que habito.

Resisto. Pulso. Revivo. Dou-me instante.

Faço-me ouvir na calada dormente.

Escuto-me. Não sei. 

Apenas sorvo e desvelo.

- Que os outros em mim me traduzam.

CARLOS DANIEL DOJJA