NADA ME FOI DADO
Nada me foi dado, ao escavar a sina,
Tão pouco o respirar da palavra,
Com a qual pulso fazer-me,
Verti em mim, o que invisível a outrem,
Ligou-me a instintiva volúpia do querer ser,
E para existir, esculpi faces, lavrei estradas.
Só me sei a degustar os assombros,
Que revestem a sombra margeada,
Da qual como planta, faço-me restauro.
Infiltro-me caule na terra que habito.
Resisto. Pulso. Revivo. Dou-me instante.
Faço-me ouvir na calada dormente.
Escuto-me. Não sei.
Apenas sorvo e desvelo.
- Que os outros em mim me traduzam.
CARLOS DANIEL DOJJA