Joao Marques

Robotizado

Me vi no trem,
cabeça baixa,
assistindo um anime no celular.

Desci na estação
sem sequer perceber.

Andei pela multidão
sem olhar pra frente,
olhando apenas para a tela.

E então me perguntei:
qual é a nossa diferença para os robôs?

Vivemos no automático,
sem olhar para os lados,
ou pior —
sem olhar para as pessoas.

Repetimos o mesmo trajeto,
todos os dias,
sem perceber o tempo
que escorre.

Viramos máquinas,
com uma função pré-programada:
acordar, trabalhar, dormir.

Tudo isso sem olhar para o outro.

Mas, pensando bem...
quando isso aconteceu?
Em que momento
se tornou normal
parar de enxergar o próximo?

E, sem sequer notar,
já estava em casa.