No quarto ecoa o silêncio, um mar sem marés,
Paredes me abraçam, frias como gelo nos pés.
A lua, lá fora, espia a minha janela embaçada,
Testemunha calada de uma alma exilada.
Solidão, melodia em tom menor,
Que a alma entoa quando o peito é dor.
Um eco vazio que não quer calar,
Companheira invisível a me assombrar.
As horas se arrastam, lentas como a dor que reside,
Em cada tic-tac, um pedaço de mim se despede.
Procuro um rosto amigo na tela fria do espelho,
Mas só encontro o reflexo de um antigo conselho.
Talvez um dia o sol invada este breu profundo,
E a melodia triste se transforme num segundo.
Mas hoje, a solidão é a canção que me veste,
Um manto pesado que a esperança conteste.