Antes de qualquer palavra,
você já estava em mim —
no jeito como o mundo silenciava
quando sua presença chegava
como a brisa que entra sem pedir.
Havia um calor que não vinha do sol,
mas do seu toque
capaz de traduzir
minhas ausências mais escondidas.
Seu olhar não passava,
ele ficava.
Como quem planta raízes
sem invadir a terra,
mas respeitando sua fome de flor.
E quando tudo gritava em mim,
você era abrigo —
feito aquelas janelas abertas
que não perguntam o motivo da tempestade,
mas apenas esperam,
com luz acesa.
Entre nós, o amor não se anunciava.
Ele acontecia
em silêncio,
no intervalo entre o toque e o gesto,
na dança sutil das coisas que duram
sem precisar de provas.
E foi aí que entendi —
existem presenças
que nos dizem tudo
sem jamais falar nada.