O amor vem pra cada um, sem pátria, sem identidade, sem onde, sem quando, sem tempo, sem direção,
O amor vem pra cada um, com fome, com sede, embebido na solidão,
O amor vem pra cada um, despido, sem pudores, sem respeito, sem modos, alimentado pelo ato da copulação,
O amor vem pra cada um, sem crime, sem condenação... Sem o indulto da razão...!
O amor vem pra cada um, poético, gentil, cortês, carinhoso, cerimonioso, que mesmo para entrar onde é permitido, pede permissão,
O amor vem pra cada um, rastejando pelo céu, ou, voando pelo chão,
O amor vem pra cada um, cego no acender da luz a clarear o que se vê no enxergar da escuridão,
O amor vem pra cada um, trazido pela ventania, soprado à imensidão,
O amor vem pra cada um, a galope, no trote da mansidão, ou em disparada, sem rédeas, guiado pela emoção,
O amor vem pra cada um, despojado, descalço, desatinado, aos berros, atirado à multidão,
O amor vem pra cada um, sem resignação, aquecendo desejos de quem ainda espera ser consumido pelo fogo da paixão,
O amor vem pra cada um, sem formas, sem pré-conceitos, sem medos, sem culpas, sem preceitos, sem certezas... Nem dúvidas...!
O amor vem pra cada um, sem avisar, sem dizer por onde é que vem ou por aonde é que vai passar na volta da ida da contramão,
O amor vem pra cada um no se contentar do coração...
O amor vem pra cada um, certeiro, sem erro de orientação...
Manollo Ferreira
Juazeiro - Bahia