Versos Discretos

Ardor

Meus dedos se perdem febris nas margens do meu corpo,
traçam caminhos secretos onde teu perfume ainda habita,
e cada toque é um delírio, uma súplica disfarçada,
como se pudesse recriar em mim o ardor da tua visita.

Tua ausência me incendeia, e em silêncio me desnudo,
minhas mãos inventam pecados que só em ti fazem sentido,
faço da pele um templo, do prazer um rito noturno,
até que a carne, vencida, geme em teu nome perdido.

Te imagino arqueada, gemendo em ondas sobre mim,
teus seios roçando meu peito, tua boca mordendo minha língua,
e quando penetro essa fantasia, sinto-te inteira,
molhada e entregue, como se o mundo fosse só luxúria.

Ainda sou jovem demais para ceder ao vazio,
prefiro morrer de prazer, exausto no teu domínio,
e se a vida é breve, que seja ardente em teus braços,
para que o gozo seja a eternidade gravada em meu destino