Nas profundezas da alma um rio de vidro se forma, onde as águas são silenciosas e o fundo é de areia movediça.
As feridas que coçam, que ardem como uma brasa viva, são a geografia de um território que não posso mapear.
Me cure da nostalgia que se infiltra como uma chuva fina do tempo que se desintegra, como um castelo de areia, das marcas que se tatuam na pele como um mapa de veias, e me fazem sangrar como um fruto que amadurece demais.
A dor é um ourives que forja uma armadura de espinhos, um artesão que cria uma obra-prima de sofrimento.
Ela me envolve como uma névoa que não se dissipa, um estado de ser que é ao mesmo tempo familiar e estranho.
A dor é um alquimista que transforma a minha alma, um químico que cria uma poção de amargura.
Ela me faz sentir como um objeto que foi quebrado, os escombros de um todo que nunca mais será restaurado.