Ele se aproximou como quem carrega um destino,
os olhos fixos em mim, ardendo em segredos.
Senti a força de seu olhar atravessar-me,
como se já fosse meu dono
antes mesmo de me tocar.
Quando sua mão roçou a minha,
um arrepio percorreu-me inteira —
era o aviso de que não haveria retorno.
Ali, diante dele, deixei cair todas as armaduras,
como quem se despe não de roupas,
mas de medo.
Seu beijo não foi suave —
foi exigente, faminto, desesperado.
E ainda assim, trouxe-me paz.
Era a guerra e o refúgio,
a vertigem e o abrigo.
Seus lábios queimavam,
sua respiração era chama em minha pele,
e meu corpo, entregue,
clamava por mais.
O mundo deixou de existir,
o tempo se curvou ao nosso delírio.
O quarto, a noite, o silêncio —
tudo desapareceu,
até restar apenas o compasso febril
dos nossos corações em desordem.
Ele sussurrou meu nome
como prece e condenação,
e eu respondi com o meu corpo,
com a certeza absoluta
de que nada seria maior
do que aquele instante.
Amá-lo era perigo,
amá-lo era pecado,
mas também era a única verdade
que me incendiava sem culpa.
E se amanhã nos roubarem esse amor,
se o destino nos arrancar um do outro,
ainda assim estarei marcada,
eternamente,
pelo fogo que dele recebi.
Pois entre seus braços
não fui apenas mulher,
fui eternidade,
fui tempestade,
fui vida sem limites.
E naquele delírio,
encontrei o que sempre busquei:
o amor que não teme nada,
o amor que tudo devora,
o amor que não se apaga.