A INVERSÃO
Mesmo com este olhar sensível
Donde brota um olhar tão carinhoso
Aqui neste sono inatingível
Posso sentir a doçura do teu beijo vigoroso.
Diante dessa prisão inconsolável
Nesta inversão onde o retorno não se faz
E neste princípio e fim inviolável
O segredo não se revela nem se desfaz.
E neste mistério no qual vou envolvido
Donde agora o cirro está nublado
Vai-se o peito dado por vencido
E o coração num pálio transportado.
E a Lua Branca já agora é invisível
Pois a retina tal como porta foi fechada
E as pálpebras descansando, sono terrível
Encobre a pupila dilatada.
E assim como um poema se encerra
Tecido em versos as estrofes factuais
Como o grão engolido pela terra
São apenas estranhezas
E transgressões absurdas e surreais!