Na palma da mão, um mundo colorido,
cada gude um tesouro, segredo contido.
Lá no quintal ou no meio da rua,
a gente fazia guerra... mas de alma nua.
Cavava-se o chão, um buraco redondo,
e os olhos miravam com foco no ponto.
Dedo no chão, mira de campeão,
e a gude voava, feito coração.
\"Vale três!\", \"Perdeu!\", \"Foi por um triz!\"
e ninguém notava o quanto era feliz.
O sol refletia no vidro encantado,
e até a poeira dançava ao lado.
Tinha disputa, sim, mas tinha cuidado,
quem ganhava guardava, mas não era pesado.
Trocava-se riso, perdia-se à toa,
mas todo mundo voltava na boa.
Hoje, se piso num chão de saudade,
sinto o estalo da infância de verdade.
E o tempo escorrega, como bola no ar,
no jogo da vida, que não dá pra empurrar.
13 ago 2025 (12:35)