Rodrigo Tonoli

A mágoa do vilão

 

O que me parecia bondade
Pode ter sido ofensa na interpretação dos outros.
Me pintaram de sínico, de egoísta, de vilão, e
                                                                                      E por um tempo carreguei esse papel.                                                                                           Erros? Cometi sim, como qualquer um,
Mas sempre tentei acertar,
Tentei ajudar, tentei cuidar,
Tentei estar presente.

Mas quando minhas escolhas não agradaram,
Quando minha verdade feriu,
Foi mais fácil me transformarem
Na sombra que eu nunca fui.

É triste ser lembrado
Por um pedaço distorcido da história,
Virar sinônimo de mágoa,
Ter minha essência mudada na história. Mas se alguém ainda olha meu retrato,
que seja o verdadeiro, não o que inventaram de mim.

Não viverei pra mudar as narrativas
que não me pertencem, não me definem.
Mereço ser lembrado pelos honestos,
Não pelos iludidos.

Não sou a caricatura que pintaram,
Não fui todos os erros que contam.
Sigo em meu caminho, sentimentos leve,
Mesmo que ainda marcado pelo desterro.

No silêncio da minha alma,
Sei quem fui, sei o que fui.
E nenhum rótulo de vilão
apagará minha luz, livre do peso do mundo,
já não peço perdão.
 Que em algum lugar, além deste sonho,
 sem dor ou tristeza,
se lembrara como eu fui.