Thomas Vasconcellos Ivanov

I N T R A

Não sei o que sou 
Bastardo desta família,
Fantasma desta sociedade,
Anomalia que carrega suas próprias vergonhas,
Erros esculpidos no silêncio.

Sou mais um perdido
No labirinto dos perdidos,
Caminhando com passos de dúvida,
Sussurrando segredos que ninguém entende.

Por que sinto vergonha
Do que faço?
Por que me odeio,
Enquanto o mundo me rejeita,
E o meu eu berra em desespero?

Aceito o estranho 
O estranho que se cala,
O estranho que não sente,
Que perde o senso,
Que fala sem pensar,
Que pensa enquanto fala.

Neste mundo hostil,
Sou um peixe que nada,
Esquecendo que existe
A cada três segundos.

Sou um estranho,
Entre estranhos,
Respirando uma respiração que não é minha,
Vivendo um existir que não sei explicar.