.Ykaro

(Não) Sou eu!

Sou eu! Neste manejo de sentimento maltratado 

Ao ver meu sangue, nervos doentes,  

Escorrendo no asfalto esburacado 

Da pele pálida e pálpebras transparentes 

Sentirei uma das maiores armas quentes,

Com todo o bel-prazer,

Esse sentimento que me vem a corroer 

Sou eu, que sinto-me morrer! 

Sou eu! que soube da mesquinhez da sabedoria;

E andei pela minha idiota retórica, que me restava, dos gigantes 

Sou eu que corro –

Dessas amargas cutias

Para ser o dono do que é novo!

A voz das palavras ainda não ditas 

Sou eu! Sou eu que aprendi 

A mentira – aurora – as justificativas! 

O conhecimento já não se alcança!

A dialética não me é necessária! E para mais ninguém será!  

Minha mente balança… 

No âmago da dúvida trapezista 

Entre liberal democrata e o milionário socialista! 

Sou eu! Como viveria d’eu nesse âmbito?

Me negaria um poeta maldito?

Sou eu! que preciso afirmar-me – eu!

Do conhecimento meu

Alguém que traduza-me – eu! 

Sei que respostas, pernoite, não estarão nas minhas lembranças!

Não sairei para pescar, pois, 

os ventos e as velas – do mucuripe – não me levará! 

Não te adiantas! sei que me iludo! 

Me chamará de imundo

Sabendo que Sou eu um do sabido?  

… Morrendo eu 

Superado antigo romeu, 

Martela-me ainda a revolta no coração! 

Ignorância é saber que classificação

É um instrumento falho!

“Ora (direis) ouvir estrelas! 

O certo”, e o errado, “perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,”

Não sou eu!

Não terei meu canto! 

Nem nas coisas do oriente, identidades astrais! 

Não sou eu! Não sou eu! 

E meu sangue escorreu

Para que exista 

um para quê

Não sou eu! Um Símbolo que me chame – eu!