thayssilv

Nárnia, o mundo que não devia existir.

As árvores escuras,

os galhos, garras afiadas

que me gritavam pelo nome

num extremo que arranhava o cérebro.

 

O céu pulsava vermelho,

a brisa respirava comigo, me acompanhava,

e criaturas que jamais imaginava a existência me guiavam por mares de vidro.

 

Eu ria, chorava e vivia.

Cada sombra era um grito,

cada passo, uma promessa

de jamais voltar para o original.

 

As paredes do mundo se dobravam diante de mim, como papel molhado,

e eu atravessava portais

que jamais negavam permissão para a liberdade.

 

Mas o chão abriu-se e, naquele momento,

o vermelho do céu se tornou sangue,

e os passos que se tornavam promessas viraram apenas doces ilusões.

A brisa, que antes era tão confortante como um vento passageiro, virou fumaça, que tanto me sufocou até a realidade voltar.

 

Despertei cercada por fios e máquinas,

onde antes tinha a felicidade, mas não se tinha realidade.

agora só restam aparelhos frios de hospital.

Os portais se fecharam definitivamente para mim.

 

Não foi Nárnia, nem sonho.

Foi só o veneno que bebi,

me levando tão longe

que quase não voltei.