Ontem foi Dia dos Pais.
E hoje me pego amargurada,
sentindo falta de coisas
que nunca me foram dadas...
Mas pera — eu as recebi:
alimento, cuidado, carinho e mais.
Mas eu ainda senti falta...
Pois ainda me lembro
de te ver brincando,
usando um vestido verde
com toques de preto,
quando a mamãe não estava em casa.
Me lembro do pirulito feito com Toddy,
e como eu gostava.
Mas também me lembro do álcool,
que te fazia quebrar tudo —
e não sobrou quase nada.
Me lembro da última vez que te vi,
me mostrando seu RG
no batente da porta da sala.
E depois, te vi partir.
Tinha cinco anos,
mas esperei por ti.
Não teve pensão, conversa, nem visita.
A não ser quando, já com doze,
me enfiei na sua vida.
Você me mostrou pra toda a rua,
com tanto orgulho,
que pensei:
“Agora ele pelo menos me liga.”
Mas hoje, com 24 anos,
entendi finalmente:
quando um pai quer,
ele se faz presente.
Não some por completo.
Ah... isso já não me intriga.
Sei que foi melhor assim.
Feliz Dia dos Pais!
Não para o meu —
mas para os que se dedicam