Enrolava-se a corda com mão de cuidado,
como quem faz mágica num gesto sagrado.
Depois, num impulso, o pião era lançado,
e o mundo girava num chão empoeirado.
Tinha de saber: o jeito, o balanço,
a força no ponto, o tempo no lanço.
Quando acertava, o danado rodava,
como quem dança e não quer mais nada.
Os olhos seguiam o giro encantado,
e o riso brotava do peito apertado.
Ali não havia vitória ou derrota —
só o pião girando, alma solta na rota.
Às vezes, batia pião com pião,
batalha de risos, poeira no chão.
Mas no fim, não era quem vencia,
era quem fazia rodar a alegria.
Hoje, meu mundo gira mais rápido, eu sei...
mas há um piãozinho guardado em algum lugar, talvez.
E sempre que a vida me pede mais chão,
fecho os olhos... e o vejo girar na minha mão.
11 ago 2025 (12:23)