É estranho notar quanto tempo já vivi
Às vezes lembro que no momento há de se
Tentar aproveitar o vento, o mar sentir
Um sopro cada vez mais barulhento:
salve-me
Há um monstro dentro da minha cabeça
Nos meus sonhos, ele tinha uma caneta
E nos seus sonhos, eu lhe via na sarjeta
Temendo que não valiam suas linhas, suas letras
Noite ou outra eu tenho pesadelos assim
Foi-se a hora que isso incomodava, sim
Foice ou forca já não causam medo em mim
E hoje sopra mais um vento
salve-me
Quão ridículo é ser o público do próprio teatro?
Mas todos estão preocupados consigo mesmos
Ninguém tem tempo pra chorar com seus atos
E nem você para lamentar outros textos
Eu já chorei pro mar que lave-me
Eu já fui pro inferno e lá me vi
Eu já me levantei só pra cair
E eu até gritaria \"salvem-me\"
Mas percebi quantos sofrem
E todo esse tempo, só vi a mim